Francês de origem espanhola, Jean-Pierre Martinez é um dramaturgo com um percurso atípico.
Com uma sólida formação académica — incluindo estudos em economia e marketing (Sciences Po), literatura espanhola e inglesa (Sorbonne), linguística e semiótica (École des Hautes Études en Sciences Sociales), e escrita de argumento (Conservatoire Européen d’Écriture Audiovisuelle) — foi sucessivamente baterista em vários grupos de rock, semiólogo publicitário para grandes institutos, argumentista de televisão, professor de francês no Texas, professor de escrita de argumento em Paris e, por fim, autor teatral com peças representadas nos cinco continentes.

Reivindicando total liberdade face a todas as instituições que pretendem definir o que deve ser o teatro contemporâneo, optou por disponibilizar a totalidade dos seus textos diretamente às companhias teatrais através do seu site de autor, em mais de vinte línguas.
Graças a essa escolha, conseguiu conquistar, em apenas alguns anos, um reconhecimento internacional — inclusive, com grande orgulho, em países onde o teatro continua a ser um instrumento de emancipação, bem como entre jovens companhias emergentes.
As suas peças são representadas em palcos de todo o mundo e também estudadas em escolas, liceus e universidades, tanto em França como noutros países.

Ao longo das 115 obras teatrais que escreveu até à data, Jean-Pierre Martinez construiu um universo dramatúrgico muito próprio.
Utiliza com mestria todos os recursos da comédia, explorando ao mesmo tempo os géneros mais diversos, sem desvalorizar nenhum. A sua escrita, por vezes comparada à dos grandes autores da comédia francesa como Feydeau ou Courteline, distingue-se por uma abordagem profundamente contemporânea e por um toque de absurdo que evoca, por vezes, o universo de Ionesco.
As situações que encena, embora enraizadas no quotidiano, tendem a resvalar frequentemente para o irreal ou para o surrealismo — tudo isto servido com diálogos simultaneamente naturais e incisivos.

Com um domínio sólido da escrita para o palco e das ferramentas da narratologia, Jean-Pierre Martinez constrói enredos bem estruturados, com desenvolvimentos inesperados. Destaca-se na crítica social, recorrendo à caricatura e à paródia para retratar personagens que são ao mesmo tempo vítimas de uma sociedade opressiva… e pequenos tiranos no seu próprio lar.
Um olhar sobre a sociedade que faz lembrar Molière, que sabia conjugar uma sátira mordaz com uma profunda humanidade, questionando os vícios do seu tempo.

Jean-Pierre Martinez assume também, através da sua obra, um claro compromisso cívico.
Para ele, o espectáculo ao vivo não pode reduzir-se a mero entretenimento. O teatro é também um campo de batalha, e a comédia uma arma para defender os grandes valores universais e humanistas como a liberdade, a igualdade e a equidade. Sob a capa do humor, as suas peças denunciam os desvios da sociedade contemporânea e interpelam o espectador quanto às suas próprias responsabilidades.
Aborda questões tão fundamentais como a defesa do laicismo, a degradação das democracias, o crescimento do populismo, o ressurgimento de ideologias fascistas, ou ainda os desafios ecológicos que ameaçam a própria sobrevivência da Humanidade.

Gosta igualmente de brincar com a metateatralidade.
Várias das suas peças questionam com humor a posição do ator, do espectador e até do próprio teatro enquanto arte. Um questionamento original que acrescenta uma camada de profundidade à sua obra.

Jean-Pierre Martinez defende um teatro popular no sentido mais nobre do termo: divertido sem ser simplista, irreverente sem ser vulgar, e comprometido sem ser moralista.

Ligação para a biografia completa no site do autor:
https://jeanpierremartinez.net

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